quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Carta aberta


"Campo Mourão, 05 de junho de 2006. 

Tássio:

Furto um pequeno lapso de tempo, valioso, cabe informar, para escrever-te (ou escrever-me) um singelo recado, para que seja lido em um futuro incerto. Em outra época cobrei-me, justificadamente, que me dedicasse a escrever mais. 

Acho interessante materializar em alvas folhas de papel (ou em luminosos monitores de computador), um pouco mais do que penso, do que sinto, para que permita, se a alguém interessar, conhecer-me melhor. Especialmente eu. Preciso alcançar um melhor nível de auto-conhecimento.

O tempo é escasso. A ampulheta, a areia do tempo flui, escorrega por entre nossos dedos, sem que possamos retê-lo. E enquanto o tempo rouba sua juventude, você ignora aquilo que pulsa em teu âmago.

Por quê? Tem vergonha? És um ser humano, um ato falho, bobo e sentimental, que buscou, às vezes nos mais dispensáveis detalhes, a perfeição que nunca, NUNCA chegou perto de alcançar. 

O seu futuro, afirmo, logo será passado, e as lágrimas derrubadas neste presente secarão antes mesmo de regar as glórias daquilo que planeja colher. E, se por ventura o sopro gélido ceifar o seu futuro, transformando-o num efêmero passado de tristezas alheias, tua sina poderá ser mais bem compreendida e, tua tristeza, finalmente revelada. 

Por isso reitero: viva, registre, escreva.

Atenciosamente,
Tássio"

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